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João Moressi, CEO da Opah IT: “O congelamento de contratações de empresas de tecnologia não é uma exclusividade brasileira”

Os tempos estão relativamente instáveis para quem está na indústria da tecnologia. Atualmente tivemos uma mudança de cenário brutal para empresas e profissionais com queda no número de investimentos e layoffs em dezenas de startups. Entre as companhias que anunciaram demissões em massa estão a gigante do streaming Netflix, que anunciou o desligamento de mais de 150 colaboradores, a Meta (Facebook) que anunciou o congelamento de contratações devido a uma queda generalizada na indústria, enquanto a Uber afirmou que vai compor seu quadro de forma mais seletiva, diante de uma “mudança sísmica” no mercado.

Apesar do cenário de incertezas, o mercado de TI segue como um dos setores fundamentais para todos os países que buscam desenvolvimento econômico e inovação em um mundo cada vez mais guiado pelas análises de dados fornecidos por usuários e soluções computacionais para problemas complexos do cotidiano. 

Com uma demanda cada vez maior, a formação de especialistas na área é insuficiente para os projetos de empresas públicas e privadas. De acordo com estudo da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), realizado em 2021, o país terá uma demanda de 797 mil profissionais de TI até 2025, o que significa que precisaria formar 159,4 mil por ano. Hoje, no entanto, apenas 53 mil pessoas são qualificadas anualmente para trabalhar na área.

Atualmente, o Brasil é o 10º maior mercado do mundo no segmento da Tecnologia. Na América Latina é o líder e responde por 40% do total, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes).

Dentro desse segmento, um peixe segue nadando rápido em busca de um oceano cada vez mais azul. Criada em 2010, por João Moressi e José Cruz, a Opah IT nasceu com uma metodologia própria no desenvolvimento do chamado Squads as a Service, ou seja, Equipes como Serviço, mesmo conceito propagado pelo Spotify há alguns anos. 

A startup, que já faturou R$ 90 milhões em 2022, segue crescendo em ritmo acelerado atuando com equipes multidisciplinares para projetos de curto e longo prazo, com soluções de tecnologia para as áreas financeira, desenvolvimento de negócios, recrutamento e seleção, bodyshop (terceirização), além de trabalhos de escopo fechado. Hoje esses projetos já representam 60% do faturamento da empresa.

Confira o papo com o João sobre esse peixe que não cansa de surpreender:

Como a Opah está encarando esse inverno de investimentos nas startups brasileiras?

“Estamos fazendo o que nascemos pra fazer: Planejar, usar os dados a nosso favor e se antecipar a qualquer crise ao invés de sermos reativos a ela. A falta de investimentos ocorre, principalmente, nas grandes empresas que não têm controle sobre seus recursos, ou seja, que não têm clareza sobre seu breakeven. Os fundos agora priorizam as chamadas “startups camelo”, que sobrevivem a situações adversas e geram receita constante para sua manutenção, passando praticamente ilesas por desafios financeiros. Felizmente a Opah está nessa categoria”

Mas isso significa o fim dos unicórnios?

“De forma alguma. Essa é uma re-adaptação natural do status do jogo econômico. Os unicórnios vão continuar a receber investimentos constantes por sua natureza acelerada de resultados e potencial a longo prazo, porém, neste momento de complicações no cenário macroeconômico a prioridade dos investidores passa a ser analisar os resultados atuais das startups e suas perspectivas futuras ao invés de priorizarem apenas o potencial de valor de mercado futuro dessas empresas.

É um cenário que vai colocar os gestores a prova”

É seguro dizer que o Brasil foi um dos mais afetados por essas novas mudanças?

“O congelamento de contratações nas empresas de tecnologia não é uma exclusividade brasileira. Por todo o mundo os layoffs e a redução nas equipes vem ocorrendo de forma progressiva como ajuste à situação macroeconômica. A própria Apple dispensou mais de 100 profissionais de recursos humanos como parte da sua estratégia para desacelerar contratações e gastos. Esse é um terreno de gelo fino, onde situações externas afetam a todos, sem distinção de tamanho, por isso o foco precisa ser na austeridade e no uso de dados para aperfeiçoar cada solução”

Qual é a ideia por trás do Squad as a Service? Quais são as principais vantagens desse modelo?

“Essa ideia veio para trazer uma facilidade maior na hora de desenvolver o produto, oferecer mudança ou identificar o que o cliente quer. Os times conseguem criar algo e colocar em fase de testes rapidamente. Hoje, nossa prioridade é o squad as a service, que é a terceirização do desenvolvimento usando a metodologia Ágil. Mesmo quando atuamos em um projeto de escopo fechado, recomendamos a contratação por pelo menos quatro meses de um squad para atuar nos ajustes que costumam surgir naturalmente nesses projetos”

Quais foram as principais soluções da Opah durante a pandemia?

“Nós atendemos empresas diversas nos setores de saúde, varejo, turismo e, principalmente, financeiro. A CVC, Livelo e Crefisa estão entre nossos grandes clientes e tivemos o privilégio em dar suporte com toda infraestrutura para a implementação de internet banking (aplicativos, PIX, conta digital ou sistema antifraude), de inteligência de negócios para metalúrgicas e apps para que companhias aéreas possam mapear os passageiros a bordo e integrar os dados com plataformas de CRM, por exemplo.

Um dos produtos lançados em janeiro do ano passado foi uma plataforma de Banking as a Service, com conta corrente e wallet digitais. Com o mapeamento dos acessos, dados de telemetria e avaliação sobre a escalabilidade, pudemos acrescentar também itens como seguros e empréstimos ao banco digital”

O peixinho virou tubarão?

Não gosto de pensar assim. Prefiro pensar que um peixe menor pode acessar espaços que os grandes talvez não enxerguem, avançando pouco a pouco nesse grande oceano chamado mercado. Nossa carteira de empresas atendidas saltou de 40, em 2019, para 95 em 2022, rompendo a barreira dos R$ 90 milhões de faturamento. Só em 2021, crescemos quase 50% com mais de 450 contratações.

A gente atua em um modelo de butique, evoluindo dentro da carteira e trazendo novas indústrias para que possamos aumentar a oferta de produtos. Os resultados são reflexo de muito planejamento, compromisso com nossos parceiros e clareza nos resultados

Quais dicas você deixa para jovens empreendedores que estão começando suas startups?
“A dica que deixo para os que estão passando por essa fase de mudanças e adaptações é principalmente enxergar as oportunidades de melhorias contínuas, mantendo a mente e a atitude positiva mesmo em meio a cenários caóticos. Quanto aos profissionais que estão se restabelecendo no mercado, a principal sugestão é a constante busca por conhecimento, e o desejo de desenvolver soft skills como: comunicação, trabalho em equipe, pensamento crítico, proatividade, empatia e positividade

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